A relação de problemas oculares com a dislexia é destaque na Gazeta do Povo

Postado dia 28 de November de 2017
por Clínica Canto
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O oftalmologista Geraldo Canto comentou sobre as prováveis causas que relacionam o distúrbio com os olhos

Estudos recentes sugerem que a causa da dislexia pode estar associada à problemas fisiológicos nos olhos. Confira a matéria da Gazeta do Povo sobre o assunto com entrevista do oftalmologista Geraldo Canto.


Trocar letras é um dos principais sintomas da dislexia e a causa pode estar nos olhos
Estudo recente sugere a razão provável do distúrbio, mas cura para doença ainda está distante


Ler “cola”, em vez de “gola”. Confundir “p” com “b”, ou “t” com “d”. Essas são situações comuns a quem tem dislexia, distúrbio complexo que acaba de ganhar uma causa provável. Segundo um estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, a causa do problema estaria nos olhos.

De acordo com o estudo, enquanto indivíduos não disléxicos têm as células receptoras de luz assimétricas nos dois olhos, nos disléxicos, essas células são simétricas, o que poderia ser a causa da confusão na hora de identificar letras e palavras. Atualmente a dislexia é tratada como um distúrbio neuro-oftalmológico.

Viver com dislexia
“O cérebro sempre tem um olho dominante. Quando a pessoa vai ler uma palavra, ela usa o olho dominante, enquanto o outro olho ajuda a fazer o reconhecimento. Nas pessoas disléxicas os dois olhos são dominantes e isso confunde a pessoa”, explica Geraldo Canto, oftalmologista da Clínica Canto, de Curitiba. 

Como detalha Keila Monteiro de Carvalho, professora de oftalmologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da direção do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), “os sinais mais comuns da doença incluem déficit no aprendizado da linguagem, leitura devagar, dificuldade em se comunicar e também de associar as letras aos sons que representam, tendo dificuldade em entender e memorizar conteúdos de leitura”. Além desses problemas, ela afirma que inversões, omissões ou substituição de letras e/ou sílabas em palavras, seja lendo ou escrevendo, também são muito comuns.

Em todo o mundo, estima-se que 700 milhões de pessoas sofram com a dislexia. Proporcionalmente isso significa um a cada dez habitantes. A condição dificulta a aprendizagem e pode ser a causa de um desempenho escolar abaixo do normal em várias idades. A oftalmologista diz que “até que os pais ou a escola identifiquem os sinais, a criança pode sofrer preconceitos, já que o distúrbio pode ser confundido com falta de interesse, má vontade do aluno, ou ainda sinal de comprometimento da inteligência – que não é o caso”.

Atualmente o tratamento desse distúrbio é feito com uma equipe multidisciplinar, com pedagogos, fonoaudiólogos e, às vezes, psicopedagogos. Canto defende que também é importante garantir que o indivíduo em questão não tem outros problemas oftalmológicos que possam ser dificuldades adicionais à dislexia, como miopia, astigmatismo ou hipermetropia.

O que muda com a nova descoberta?
Não é a primeira vez que pesquisas científicas relacionam o distúrbio a um problema fisiológico nos olhos. Entretanto, ainda não é possível cravar que essa seja a única causa. “Não há uma resposta exata na literatura médica a respeito da causa, pois é um distúrbio complexo que envolve mais de uma especialidade”, afirma Keila. 

A cura para quem sofre com as consequências do problema também está longe de ser encontrada. Canto afirma que, “nesse trabalho, encontraram evidências de que essa pode ser uma linha de pesquisa futura. Isso talvez seja promissor para novas pesquisas. Mas, na prática, por enquanto, isso não muda nada. É uma esperança, mas de muito longo prazo”.

Para Keila, o estudo publicado em outubro deste ano é um passo importante rumo a novos tratamentos, mas não pode ser encarado como definitivo. “O trabalho é muito interessante, mas ainda está no estágio de embrião. É necessário continuar a linha de pesquisa para ter aplicação prática da descoberta e termos, de fato, prova científica. É um problema complexo, então não há uma expectativa de “cura”, mas sim de melhoria.”


Você também pode ler a matéria no site da Gazeta do Povo

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