O retinoblastoma não pode ser prevenido, mas tem até 90% de chances de cura quando diagnosticado precocemente
De acordo com informações do Inca, o câncer é a segunda causa de morte por doenças entre as crianças. Para lembrar importância do diagnóstico precoce, já que não existem maneiras de prevenir a doença nesta fase da vida, foi instituído o Dia Nacional de Luta Contra o Câncer Infantil em 15 de fevereiro.
Um dos tipos de câncer comuns na infância é o retinoblastoma, que afeta a retina. De acordo com a oftalmologista Ana Paula Canto, da Clínica Canto, esse tumor é altamente maligno, mas que tem grandes chances de cura com o diagnóstico precoce. “Cerca de 90% dos casos de retinoblastoma detectados no início, conseguem ser curados. Porém, se for tardio, pode haver complicações, como perda do olho ou até falecimento da criança”, explica.
As causas do retinoblastoma são hereditárias ou por mutações de genes. Por isso, o acompanhamento oftalmológico desde o nascimento da criança é essencial, principalmente, se existirem casos da doença na família. “O Teste do Olhinho, realizado ainda na maternidade, é um grande aliado para diagnosticar a doença. O exame é indolor, feito com um aparelho que incide uma luz direcionada para as pupilas do bebê. Essa luz faz a identificação o do Reflexo Vermelho. Quando ele está presente e é homogêneo, considera-se o teste normal, já se estiver alterado, ficará esbranquiçado e é sinal de alguma doença”, conta a oftalmologista.
Outros indícios que podem apontar a doença são a fotofobia (sensibilidade exagerada à luz), estrabismo ou o chamado “reflexo olho de gato”, que é quando a pupila fica branca em vez de vermelha nas fotografias com flash. “Esse sintoma é chamado de leucocoria, que não é uma doença em sim, mas, pode ser um indicativo retinoblastoma. Então, quando a criança estiver com esse ou qualquer outro sintoma, é hora de procurar um especialista”, explica Ana Paula Canto
Diagnóstico e tratamento
Para diagnosticar se os sintomas são decorrentes do retinoblastoma ou outra doença ocular, é necessário uma avaliação oftalmológica completa, incluindo o exame de fundo de olho com as pupilas dilatadas, utilizando o oftalmoscópio, pelo qual é possível uma melhor visualização da retina. “Esse exame é obrigatório, pois permite uma análise mais aprofundada do caso”, afirma a oftalmologista. “O paciente também pode ser submetido a um ultrassom ocular, tomografia ou ressonância de crânio e órbita, se for necessário”, acrescenta.
Quando a criança é diagnosticada com retinoblastoma, será preciso avaliar o estágio em que se encontra o tumor, que pode ser intraocular (dentro do olho apenas); afetando o nervo óptico, em um ou nos dois olhos, ou apresentar metástase. “Conforme o estágio, será escolhido o melhor tratamento, sempre com o objetivo de preservar a vida e a visão do paciente”, salienta a oftalmologista.
As modalidades terapêuticas para o tratamento do tumor são: enucleação, ou retirada do olho; termoterapia transpupilar, uma radiação infravermelha que provoca hipertermia do tecido do tumor; crioterapia, substâncias que rebaixam a temperatura do tecido; braquiterapia, terapia aproximação ou inserção da fonte de radiação no paciente; radioterapia externa, laser ou quimioterapia. “A sobrevida com retinoblastoma tem melhorado muito nos últimos anos, graças aos avanços com diagnósticos precoces e melhores opções terapêuticas”, afirma Ana Paula Canto.